quinta-feira, 29 de abril de 2010

Os loucos do 15!!!

Hoje foi um dia difícil no trabalho. Cheio de emoções fortes. Fortíssimas! Início da noite, chuva fina, pego meu ônibus com meus amigos. E, como sempre, sou chamada de "a louca do 15!" Porque quando vejo o 415 apontar, quase furo o olho da Lelê com o guarda-chuva, quase derrubo a Dani, passo a frente do Leandro, saio derrubando tudo... E entro no meu ônibus enfim! Venho na paz, desligadaça, sentada, viajando nos meus pensamentos. Como já contei por aqui, agora fecho os olhos. Gosto disso. Quando me dou conta estamos na Lagoa. Ufa! Estou perto de casa. O ônibus para no sinal. E não acredito no que vejo... O motorista sai do lugar ao mesmo tempo que o cobrador sai do dele. COMO ASSIM??? A primeira coisa que penso é que o ônibus quebrou. A segunda, é que ainda bem que vou andar pouco. A terceira, é que são dois malucos que estão de fato TROCANDO DE LUGAR!!! É, estava certa... Eles trocaram de lugar.
- Aí, arruma os espelhos - fala o motorista, dando o troco para uma senhora que parece fugir de pavor.
- Não precisa! Vai dar trabalho à toa. Daqui a pouco tenho de mudar tudo outra vez mesmo pra te devolver o carro...
Não acredito no que estou escutando, assistindo. Ele está muito empolgado, mas aquela cena não parece ser nova. Pelo jeito, aquele "combinado" é cotidiano.
O ônibus para no sinal da Aníbal. Está chovendo, peço para abrir ali mesmo.
- Motorista, aliás, cobrador... Pode abrir a porta, por favor? - e o cobrador em sua nova fução abre fora do sinal pra mim.
Saio andando sem acreditar. O 15 me enlouqueceu de vez mesmo???

domingo, 25 de abril de 2010

O coração amoleceu demais

Um dia na praia, acho que já tem um ano mais ou menos, disse que meu coração estava seco. Eu não chorava mais. Meus amigos riram muito. Mas eu estava seriamente preocupada. Estranho uma pessoa que não chora. É verdade que sempre ri muito. Adoro rir. Mas acho bonito as pessoas que se emocionam com um anúncio de televisão, com um filme, com um livro, com uma história. A ponto de chorar. Naquela época, eu me emocionava, mas não chorava nunca! Sei lá o que havia me tornado uma pessoa assim.
O tempo passou e não sei precisar quando tudo mudou. Mas mudou. Meu coração derreteu. Até demais. Choro por qualquer coisa. Ou melhor, por coisa alguma. Simplesmente choro. Diante do computador. No banho. No ônibus. No metrô. Na rua. No trabalho. Em casa. Em qualquer lugar. Fico pensando na quantidade de pessoas que devem achar que sou louca. Pessoas que não me conhecem, claro! Porque as que me conhecem já devem ter certeza... Como pode uma pessoa chorar tanto? E se alguém está comigo, vou logo secando as lágrimas, rio e peço desculpas. Sim, porque é pra se desculpar... Não deve ser fácil ficar ao lado de alguém que está sempre chorando. Mas continuo sem chorar com as coisas que todo mundo chora. Choro com meus pensamentos. Ou com aquelas coisas óbvias! Por exemplo... Solucei só de imaginar o Rei cantando "Tenho às vezes vontade de ser novamente um menino, e na hora do meu desespero gritar por você, te pedir que me abrace e me leve de volta pra casa e me conte uma história bonita e me faça dormir..." Ai, ai, mas também é covardia, né? Quem não quer chamar a mãe na hora que está chorando e sofrendo?

sábado, 17 de abril de 2010

Salvamento literal

Que a tristeza é senhora, Caetano já me ensinou e eu sinto no peito há muito tempo. Hoje parecia [ou parece] doer mais do que nunca. E falava sobre ela com Regina e Letícia dentro do mar de Ipanema. Nosso lugar. O mar nos parecia tão calmo. Enquanto minhas amigas me escutavam, me acolhiam e eu chorava. Distraída, como sempre. De repente, Lelê disse que estávamos sendo puxadas pela correnteza. Um senhor me pediu ajuda para tirar umas meninas que não conseguiam sair do lugar. E eu, sem voz nenhuma, disse que também não conseguia. Só enxerguei a Regina indo embora. "Rê, volta!" Maravilhosa e generosa, minha amiga voltou e me deu a mão. Eu não conseguia respirar nem me mexer. Fomos sendo puxadas para mais longe. E ela não me largou um segundo. Eu estava em pânico! Me senti em alto mar e não via ninguém ao nosso lado. Só pensava se Letícia havia se salvado. Regina pedia para eu me virar e eu não conseguia. Ela me virou, não me largou e respirou por mim. Tenho certeza. Estava totalmente paralisada. E ela nadava e me puxava. E não saíamos do lugar. Eu não enxergava nada nem ninguém. De repente o Sá chegou. E nos puxou. Disse que podíamos colocar os pés no chão que dava pé. Avisei à Regina, mas não acreditei. Não conseguia pensar também. Mas estávamos salvas.
Ao chegar na areia, recuperei todos os sentidos. Olhei para o mar e vi que tínhamos ficado o tempo todo muito perto. Meu pânico é que havia sido gigantesco. Mas minha amiga, ao não me deixar sozinha, não deixou que ele me fizesse ir embora. Rê me protegeu mais uma vez. Letícia disse que Iemanjá não entendeu, elas não estavam me dando de oferenda para ela... Lindas! Se já me salvam cotidianamente, hoje me salvaram literalmente.

...

Em casa, Joana, Bruno e Nina escutavam a história contada pelo Sá:
- Eu e Lili conversávamos na areia e vi a Bia conversando com a Regina e a Letícia. A carinha dela era meio de choro. De repente, eu vi que alguma coisa estranha acontecia... Corri e mergulhei. Minha sunga foi até o joelho e puxei a Bia que estava chorando muito!
Joana perguntou:
- Mas ela chorou por que estava se afogando ou por que sua sunga caiu?

Hahahahahahahaha. Sempre tem uma hora pra gente rir das histórias! Desde que o samba é samba é assim!!!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Assim

Em muitos momentos me sinto um fio extremamente esticado. Com um pé no chão e o outro no ar, em um enorme abismo. Um frio percorrendo a espinha, com um medo gigantesco de dar o passo decisivo, mas ao mesmo tempo sem vontade, ou coragem, de olhar pra trás. Também não posso hesitar nem tampouco tremer. Paraliso? Os olhos precisam estar abertos, pois senão desequilibro. A cabeça? Tem de estar firme, ereta, em permanente estado de alerta. Não quero ser ponte! Não quero ser meta! Quero apenas percorrer o meu caminho. De preferência, desligada. Como vim até aqui.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Parabéns minha filha!!!

Um dia eu cheguei em casa do trabalho e ela havia feito uma pilha de desenhos. Lindos. E com um sorriso enorme me disse: “Mãe, é pra gente vender e te ajudar!”. Desde cedo, entendeu que a vida é cheia de lutas. É pra quem tem garra. E ela é assim. Tímida e líder. Generosa e justa. Brigona e doce. A minha moleca. Um dia, ela me olhou e me disse: “Mãe, vamos cantar, quando eu estou triste eu canto pra ficar feliz...”. E a gente cantou muito! Acho que é por isso que é capaz de ficar horas e horas cantando no quarto, como se tivesse uma plateia lotada a sua frente. Mas quando canta para uma plateia lotada de verdade, manda a vergonha embora e encara de frente. Coisa de gente corajosa!
Fiz muito minha filha dormir, pedindo que a menininha do meu coração ficasse apenas a três palmos do chão. Não ficou. Cresceu muito e rápido. E hoje ela faz vinte e sete anos. O mesmo tempo em que virei mãe. Do jeito que eu sonhei, da filha que eu sempre quis. Só não sabia que o amor seria tão incondicional e o orgulho tão profundo.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A dor da gente sai no jornal

Ai.
É só o que eu consigo dizer. Diante da TV ou do computador, das imagens que vejo, das notícias que escuto, só desespero. Agora, não precisam mostrar o pai dizendo que a casa está de pé, mas o filho de 20 anos ele não tem mais. Nem a mãe que perdeu a única filha e a neta tão preciosas.
Ai.
Deixem essas dores agudas na privacidade de cada um. Pelo menos isso. Estampem sim o absurdo do descaso, da miséria, da calamidade que não escolheu pobres nem ricos... Divulguem a solidariedade, a revolução que as pessoas fazem utilizando a Internet para transmitirem as notícias, os alertas...
Ai.
Vontade de voltar o tempo atrás e deixar todas essas pessoas com casa outra vez, com suas famílias, seus amores, seus filhos, seus pais, suas vidas. Boas ou ruins, mas suas.
Ai.
Acho que estamos todos ficando malucos. Hoje de manhã muito cedo acordei com meu coração aos pulos. Escutei muita chuva. Abri a cortina, morrendo de sono e vi que o chão da rua estava seco. Alívio. Ao longo do dia, no trabalho, qualquer nuvem mais escura dá vontade de largar tudo e sair correndo. Pânico.
Ai.
E na minha casa está tudo tão seco, tudo tão inteiro e de pé...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Foi assim...

Ai, prefiro nem pensar. Fico pensando nisso o tempo todo. Grande ironia. E tento esquecer. E esquecendo, busco o bom humor. Pra passar o tempo mais rápido. E o tempo passando, é sinal que vou pensar menos. Simples assim.
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O tempo passou. Pensei muito. Não consegui esquecer. Fiquei de bom humor. Me diverti. E deu tudo certo. Muito melhor assim.
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Valeu a pena, êê, valeu a pena, êê...