domingo, 28 de setembro de 2008

Será assim pra sempre

A nossa diferença de idade é de apenas 1 ano e 2 meses. Eu sou mais velha, mas desde pequena eu cuidava dela. Quando chegávamos na casa da tia Wanda, sem a nossa mãe, eu logo ia falando: "deixa eu guardar seu casaquinho..." E passava o dia a cuidar dela.
Nem sei de onde vem isso, mas sempre foi assim.
Ela morria de medo do dia que eu casasse e ficasse longe dela. Chorava de dar dó. E ela só tinha 4 anos... Ela tinha medo de noite e eu já estava dormindo. Aí ela perguntava sem parar: "você está dormindo? Você está dormindo?..." E eu acordava e o medo passava.
O tempo passou e esse cuida de cá, fica feliz de lá, não sofra, você é uma vencedora... permanece.
Se ela está bem eu fico em paz. Se ela está aflita, meu coração aperta.
Acho que ela se sente protegida por mim. Pelo menos eu gosto de pensar assim.
As filhas dela são um pouco minhas também. Meus filhos são um pouco dela também.
Hoje está chovendo muito e é aniversário dela. Vou encontrá-la e perguntar se está com frio.
Vou dar um abraço bem apertado e dizer bem baixinho: "te amo, minha irmã. Quero te ver feliz. Sempre. Pra sempre. E continuar cuidando de você".

sábado, 20 de setembro de 2008

A minha praia é essa

Tenho certeza que nasci no mar. Em um dia de muito sol. E em ipanema.
É na praia que me sinto em paz. Mergulhar na água. Fria ou quente. Mas simplesmente estar lá dentro. Ficar sob o sol da minha cidade. Do meu lugar. Ficar na cor que me identifica. Que me dá saúde. Que cria minha identidade.
Mais o biscoito Globo e as pessoas que amo. É tudo o que eu quero. É tudo o que preciso pra ficar feliz.
Em ipanema.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A calma que eu já ganhei

Quando eu era criança odiava ficar em casa fim de semana. Me lembro que se estava sol então era uma agonia que se instalava em mim. Ficava olhando pela janela e querendo muito ser independente para escolher a hora de sair, de voltar, de escolher com quem estar.
Depois, essa indepedência foi chegando e fiz muitos amigos. Sempre precisava estar com eles. Combinava, combinava e todo mundo ia para a minha casa e de lá saíamos em bando. Qualquer lugar era bom. Com eles.
A adolescência traz coisas maravilhosas. Como a pouca vergonha em fazer qualquer coisa na rua. Nós éramos as pessoas mais importantes e mais bacanas em qualquer lugar. Falar alto, cantar no ônibus, ficar horas na porta da escola conversando, gritar para a amiga que estava do outro lado do elevador lotado... Uma alegria que não esgota.
Virei adulta, tive filhos e continuei com essa mania de ter sempre muita gente por perto, ir a todos shows, a todas as festas... Senão, dava uma sensação muito ruim de estar perdendo as coisas mais importantes do mundo. Era um pé na responsabilidade e o outro na farra.
Hoje, a calma se instalou em mim. Não tenho mais a aflição de olhar pela janela sem poder sair, nem a sensação de estar de fora.

Continuo precisando dos meus amigos. Muito. Mas hoje tenho a certeza de que a festa chegou a mim.

sábado, 13 de setembro de 2008

Bagunça combina com alegria

Quando meus filhos eram pequenos eu tinha um Fiat Panorama. Quando meu pai me deu esse carro, ele era o máximo! Carro de mãe com filhos. E eu adorava isso.
Tinha uma mala grande onde as crianças adoravam ficar. Isso porque eu estava sempre com um monte de crianças. Eu também adorava isso.
Lembro que eu tinha um plástico no vidro que era a reprodução de uma grande bagunça de crianças, com a frase "Descubra a vida selvagem: tenha filhos!". O meu ficava de cabeça pra baixo...
Desde que eu era criança, meu maior desejo era ter filhos. E sempre pensei que eu queria que a infância deles fosse uma verdadeira era de sonhos. Não sei se consegui, mas tenho certeza que tentei.
Meus filhos chamavam todos os amigos lá pra casa. Pra dormir, pra ir à praia, ao cinema, ao teatrinho, pra tudo! A casa ficava uma bagunça, mas eu achava que essa era uma casa feliz. Cheia de bagunça e de crianças.
E de repente eles cresceram. Não andam mais na mala do meu carro, nem dependem de mim para produzir os programas e me fazer pensar que era eu que inventava a alegria.
A alegria, na verdade, era a existência deles cotidiana e profundamente amorosa.
Isso vai ser pra sempre.
Além de continuarem cheios de amigos, fazendo bagunça e barulho em casa.
E eu continuo feliz com isso.

Perfumes...

As academias deveriam incentivar seus alunos a não usar perfume na hora de malhar. Hoje corri ao lado de uma perua com perfume francês. Foi difííííícil!

domingo, 7 de setembro de 2008

Um pouco do que me fez...

Não tenho para o ouvido
Somente o rumor do vento
Tenho gemidos e preces
Rompantes e contratempo, olerê, olará, olerê, lará
Tenho pra minha vida
A busca como medida
O encontro como chegada
E como ponto de partida

Sergio Ricardo

sábado, 6 de setembro de 2008

Distraída?

Ela passava horas deitada, olhando para o teto e pensando como seria a vida quando virasse adulta.
Engraçado isso, tão criança e perdendo tempo precioso de brincadeiras e nada pra fazer, pra pensar na vida de compromissos, profissão, casamento, filhos. Ela gostava disso. Desse devaneio infantil.
Aliás, deitar na cama e olhar para o teto ou olhar horas para o nada é uma mania que ela sempre teve.
"Tá pensando na morte da bezerra, minha filha?" A mãe sempre perguntava.
Ela não entendia bem o que era isso, mas sabia que seus pensamentos sempre foram longe. Isso é sonhar? Ela não sabia, mas tinha certeza que tinha muito o que pensar.
Talvez a timidez e uma eterna preguiça tenham contribuído pra isso.
As tardes de sábado eram as mais propícias para os pensamentos voarem. As de domingo ela não gostava. Sempre teve uma melancolia forte.
E assim a vida dela foi andando e mudando. Cheia de pensamentos que voam.
Até hoje isso é encarado como mera distração. Como pode ser distração um pensamento que voa para outros pensamentos que a fazem conseguir viver?


(...) A distração pode ser entendida como um lapso de consciência e de falta de atenção.
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