sexta-feira, 26 de junho de 2009

Dormência...

Quando eu tinha uns quatro anos fui a Minas com meus pais e meus irmãos. A família da minha mãe é de lá.
Íamos muito para Ibiá, uma cidade muito pequena, mas cheia de gente que amo e que sempre adorei ficar perto.
Ficava na casa de uns primos e escutava muitas histórias.
Uma das que escutei daquela vez é que criança que bate na mãe a mão fica dura e cai.
Apesar de nunca nem ter pensado em bater na minha mãe, fiquei muito impressionada com aquilo. Muito mesmo.
Os dias passaram, brinquei pra caramba e chegou o momento de voltarmos.
De carro, claro!
Horas e horas de viagem.
Espremida no banco de trás com meus dois irmãos, dormi e quando acordei em uma parada, estava com a mão dormente.
Acho que nunca tinha sentido as mãos dormentes. Pelo menos não me lembrava dessa sensação horrível!
Na mesma hora veio a história na minha cabeça.
Imediatamente comecei a chorar. Muito!
“Mãe, eu não bati em você! Eu juro!!!”
“Eu sei, minha filha. Você nunca me bateu.”
“Nãããããããoooooo, mãããããããeeeeeee!!!!!! Eu nuuuuuuuunca bati em você!!!!!! A minha mão vai caiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiir!!!”
E essa conversa desesperada durou algum tempo, até a minha mãe entender o que estava acontecendo e esfregar muito a minha mão e tudo voltar ao normal.
O tempo passou, envelheci e estou tomando aquele remédio que todos já sabem.
Pois então, um dos efeitos colaterais é exatamente uma dormência insuportável não só nas mãos, mas também nos pés...
Eu não bati na minha mãe, não bati nos meus filhos, não bati em ninguém.
E fico me perguntando... Com quem eu choro agora pra me acalmar e voltar tudo ao normal?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Pra Paulinha Miranda

Acho que fui ali só para conhecer algumas pessoas muito importantes na minha vida. Ela foi uma delas.
Pequena, linda, inteligente, virou logo minha filha postiça.
Com dores e alegrias parecidas com as minhas.
Identificações imediatas. Dessas que a gente reconhece em poucos.
Mas que ficam pra sempre.
Trocamos confidências. Rimos muito.
Aliás, como rimos. Até hoje.
Temos diferenças.
Ela é dorminhoca. Eu não sou.
Ela mora do lado de lá da baía. Eu do lado de cá.
Ela é preguiçosa pra fazer exercícios. Eu vivo correndo, sei lá porquê.
Ela está fazendo 30. Eu to chegando aos 50.
Mas a gente se ama e vai se amar pra sempre.
E porque hoje é aniversário dela, eu quero muito contar pra ela...

Que é muito bom chegar todos os dias no trabalho e poder dar um beijo nela e desejar bom dia.
E receber um sorriso lindo.
Saber que posso desabafar nas minhas horas de dor.
Saber que vamos almoçar e falar um monte de besteiras e dar ótimas gargalhadas.
Saber dos planos dela e ela dos meus.
Saber que vamos chegar na porta da FGV e fumar nosso cigarrinho de lei.
Saber que vamos chorar quando nos emocionarmos com as nossas histórias.

E que ela saiba também que, pra vida toda, eu estarei aqui com o maior colo do mundo.
Colo de mãe.
Seja feliz, minha linda!
Muitos beijos pra você!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pra cantar mais alto ainda..

Socorro
Arnaldo Antunes/Alice Ruiz

Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada, nada

domingo, 14 de junho de 2009

Pra gente cantar bem alto!!!

É preciso amar haahaa as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Pra pensar
Na verdade não há...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Eu vou ser avó!!!

É assim... Bruno eu conheço desde criança. Meu enteado.
Sempre foi lindo, quieto, meio tímido...
Tivemos momentos difíceis, momentos maravilhosos e hoje somos ótimos amigos.
Temos conversas sem fim. Temos afinidades imensas.
Mas nossa maior afinidade é uma menina linda. Sua mulher Joana.
Minha amiga, confidente, cúmplice.
Damos ótimas gargalhadas juntas. Nos entendemos pela escrita, pelo dito e pelo não dito.
Como torci por esses dois!
Eles estão grávidos e me darão o primeiro netinho.
Que seja bem-vindo. Que venha cheio de amor.
Que nos traga muito amor.
Que nos dê muitas esperanças para a vida, para o mundo, para as pessoas.
Um novo olhar que só as crianças são capazes nos dar.
Estou explodindo de felicidade!!!

domingo, 7 de junho de 2009

Nomeuperto faz aniversário

Um ano. Exatamente isso.
Há muito tempo que meu sonho é ser escritora. Sem a menor pretensão.
Minha necessidade, minha salvação é escrever pra mim, por mim.
Cansei de falar pro Sá e pra Lucia, principalmente... "As palavras, as histórias ficam rondando a minha cabeça ao longo de dias e parece que vou enlouquecer!"
E eles sempre me incentivaram... "Tem de escrever, tem de colocar isso em algum lugar!"
Participei de um grupo chamado Terapia da Palavra. Fizemos vários exercícios!
Até que minhas amigas Carol e Lelê fizeram os blogs delas. Maravilhosos.
Comecei o meu.
Nunca escrevi rascunho. Foi sempre direto aqui. Sem revisão. Sem nada.
Deixo os erros. Deixo as faltas. Deixo a espontaneidade. Deixo como sai.
Essa sempre foi a minha intenção.
É quase uma catarse.
Não é o texto trabalhado, a carpintaria de que fala Gabriel Garcia Marquez.
É o texto que quando começa a rondar a minha cabeça, agora tem um lugar pra ficar e me acalmar.
Aí vêm os comentários dos amigos. Às vezes morro de rir. Às vezes morro de chorar.
É, com certeza, um lugar pra me sentir amada. E como!
Estou sempre perguntando sobre tudo obsessivamente.
Observo cada detalhe da vida em que estou inserida.
Me sentir escritora é me sentir com um lugar em que eu possa expressar o meu resultado de tudo o que escuto, observo, sinto.
É o que eu sou.
Sempre com humor.
Ainda que de vez em quando, com muito sofrimento.
Tomara que por muitos anos.
E com vocês como meus leitores assíduos!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Ainda dá tempo

Quando eu era criança tinha mania de ficar deitada, olhando para o teto e pensando o que eu iria fazer quando fosse adulta.
Eu gostava de ser criança, mas o mundo dos adultos me fascinava.
Achava que poder escolher o que fazer, quando fazer, com quem fazer, porque fazer... Tudo isso deveria ser muito bom.
Nem sabia o que era ser independente!
Mas naqueles meus pequenos anos de vida, ser independente era ser adulta. Acho que era isso.
O tempo foi passando e percebi que eu queria muito mais do que isso. Queria ser independente sim, mas queria ser e fazer muitas coisas ao longo da minha vida.
E hoje percebo que ainda não fiz muitas coisas com as quais sonhei.
Mas espero que ainda tenha tempo para fazê-las.
Uma vez vi a escritora Zelia Gattai dizer que aos 65 começou a escrever, aos 70 tirou carteira de motorista e aos 80 furou a orelha para colocar brincos.
Achei o máximo.
Já sou adulta, sou independente, mas talvez esteja precisando olhar um pouco mais pro teto...