quarta-feira, 29 de outubro de 2008

o segredo... seguindo Carol e Lelê

elogio do meu marido. filhos por perto carinhosos. filhos felizes. mãe esbanjando alegria e saúde. irmãos e sobrinhos de bem com a vida. risada com amigos. praia de ipanema. bonde do dom falando alto no restaurante. fim das eleições. avião pousando no rio em tarde de sol. voltar pra casa. família discutindo à mesa nas noites de quarta. sexta-feira à noite com os amigos. correr 7km. suar. malhar. escrever nomeuperto. escrever no bonde do dom. ler o bonde do dom. voltar de ônibus pra casa com a Paula e com a Joana falando bobagens. almoçar xuntinha das queridonas Carol, Lelê, Clé, Laura e Ana Paula. a risada da Paulinha com furinho na bochecha. almoçar com as meninas do trabalho. a percussão da Clé. saber que tenho Claudio e Reynaldo na minha vida. ganhar comentários bacanas nomeuperto. ser amiga pra vida toda da Ana. implicar com o Gaúcho. ficar horas na praia com meus amigos. trocar e-mails ótimos durante o dia com a Lucia. ver a minha mãe fera na internet. ir pro trabalho com o meu filho. comer a comida feita pela minha filha. ficar olhando pro nada. querer encontrar mais a Andrea. viajar em reunião chata. ler pra dormir. não ter dor de cabeça. ir ao cinema com o meu marido. compartilhar idéias com a Cristina e com o Fernando. ter o ingresso comprado pelo Ricardo. dar uma abraço apertado na Regina. ter uma instituição chamada Sidinho. escutar a família da Cau tocando. sentir saudade do meu pai. não entender uma só palavra da língua corporativa. comer a pele da boca. esperar a Lili voltar. dar um mergulho no mar de ipanema. ir na casa da Regina e do Ricardo. andar sábado de manhã por ipanema. ver a praia de manhã cedo. sentir uma saudade enorme da vida de antigamente com a Gê, com a Paula, com a Patrícia, com a Anna Valéria. ficar mais perto do Nando e da Isabella. escutar meu irmão ao piano. sentir saudade da Sá Pereira. ter o Jorge, a Helô e a Juju na vida dos meus filhos e na minha vida. rir da Viviane chorando. encontrar Tetê, Cecília e maridos. sonhar em ser avó. sair da arquibancada. ter saudade da malabares. ter mais de um milhão de amigos. fazer amigos novos. ver Bruno e Joana juntos. ter afilhados amados. escutar música brasileira. sair pra jantar com Olívia, Caio e Marina. ver os filhos dos amigos crescendo. cantar sem vergonha no karaokê. andar de chinelo. sair pra rir com a Lucia, com a Anginha e com a Hilda. ter muitos colares. ser distraída. praticar o desapego. ver a casa cheia com Olívia, Caio, Bruno, Juliana, Barbara e Sá. ficar de bobeira com meu marido. ficar pensando em tudo que amo pra fazer essa lista...

Minhas queridonas!!!


sábado, 25 de outubro de 2008

Ser mãe... parte II

Minha filha nasceu e eu me sentia completa. Cheia de esperança, ao mesmo tempo que cada vez que olhava para ela, tão pequena, mamando em mim, tão dependente da minha saúde, da minha disponibilidade, do meu amor... me dava um enorme medo da dimensão da responsabilidade. Mas estava plena.
Ela nasceu nas mãos dos melhores médicos, em um dos melhores hospitais, com todos os recursos e apoio que a vida e o meus pais puderam nos proporcionar.
Quando ela estava com 20 dias, finalmente, levei-a a uma médica homeopata. Ela olhou o pèzinho que entortava e disse que precisava de uma radiografia da coluna. Naquele momento não escutei mais nada. Minha mãe, que me companhava, se encarregou de escutar todos os passos necessários. Meu lado criança e frágil falou mais alto e um medo enorme tomou conta de mim.
Medo, medo e medo me acompanhou pelos dias seguintes. De novo, o melhor neurocirurgião do país nos ajudou e nos encaminhou para o melhor ortopedista. Mas foi preciso esperar alguns dias para o diagnóstico.
Como era possível todos os meus sonhos de mãe, de um bebê perfeito e saudável, ficarem tão ameaçados de um segundo para o outro? O que minha filha tinha? Como seria sua vida?
Escutei de muitas pessoas que o ortopedista era o melhor sim, mas era um homem seco e duro. Não esperasse afagos e carinhos... Está bem, só quero que ele deixe minha filha perfeita!
Chegou o dia da consulta. Ele vinha com um séquito de médicos atrás dele. Máquinas de fotografia, explicações e o exame. Ali estava minha pequena, minha amada pequena, deitada numa cama enorme para seu tamanho e ele virava suas perninhas. E ela chorava muito.
E eu não suportava tanto choro, tanto sofrimento. Soluçava de fazer barulho. Não conseguia ser a mãe forte e segura. Estava absolutamente entregue à dor dela e a minha. Desesperada.
Até que o médico duro e seco me abraçou, fez carinho nos meus cabelos e me disse com jeito de pai e solidário a minha dor: "sua filha tem luxação congênita de quadril e colocará um aparelho suíço que lhe cobrirá todo o corpo. Ela não pode tomar banho, nem tirar o aparelho em momento algum. Virá aqui toda a semana, durante um ano, para examiná-la e apertar um pouco mais, de modo que suas perninhas fiquem cada vez mais abertas". E diante daquele homem forte aos meus olhos, chorei copiosamente. E ele continuou: "mas pense bem, é esse aparelho e esse tratamento que deixarão sua filha andar. Você deveria estar feliz".
E começava ali a lição mais dura que a vida adulta tinha escolhido tão cedo pra mim.
E a partir daquele dia entendi que tinha uma filha sensível e forte. Durante um ano, ela sorriu todas as vezes em que a limpei com algodão no lugar do banho gostoso. Ela encontrou um jeito de se aconchegar no meu colo, mesmo dentro de um aparelho que a deixava dura e desconfortável. Ela também, tão mais cedo que eu, entendeu que a vida é cheia de sustos e dificuldades.
E eu aprendi com ela que não se faz dramas diante das oportunidades que a vida nos dá. E que tudo é possível, até amolecer corações ditos como tão duros.

Ser mãe... parte I

Com 22 anos fiquei grávida da minha filha. Desde que havia casado, dois anos antes, eu só pensava em ter um filho. Ou melhor, uma filha mesmo. Meu sonho era ter uma menina. Ainda não sabia que ter filha e filho é a melhor coisa do mundo.
Eu parecia muito mais nova. Aliás, era uma criança. Mas parecia mais criança ainda.
Lembro de um dia em que estava parada em um ponto de ônibus no Leblon. Passou um senhor e disse com voz de pena e indignação: "o que fizeram com você, minha filha?". Não deu tempo de responder...
Em uma passeata pelo dia internacional da mulher, 8 de março, eu já estava com um barrigão de 8 meses. Minha filha nasceu em 9 de abril. Estava muito feliz, cheia de brilhos no rosto e um orgulho enorme daquela barriga. Sempre me senti A super mulher quando estava grávida. Um jornalista veio correndo me entrevistar. A primeira pergunta era: "quantos anos você tem?" "vinte e dois!" "ah! Que pena... pensei que tivesse uns quinze. A matéria era sobre gravidez na adoelscência..."
Quando minha filha nasceu eu fui a mulher/menina mais feliz do mundo! Ela nasceu linda e cor de rosa. E a partir dali a história da minha vida, como de todas as mulheres que são mães, mudou definitivamente.
Eu era sim uma criança, mas fiz ali a minha escolha mais sábia.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A música que está tocando agora no céu...

A avó dos meu filhos, dona Mariazinha, era uma pessoa muito querida.
Sexta ela foi ao encontro do seu Hilton, de quem eu tenho as melhores lembranças cantando essa música para sua mulher.

Meus Tempos De Criança
Ataulfo Alves

Eu daria tudo que tivesse
Pra voltar aos tempos de criança
Eu não sei pra que que a gente cresce
Se não sai da gente essa lembrança
Aos domingos missa na matriz
Da cidadezinha onde eu nasci
Ai, meu Deus, eu era tão feliz
No meu pequenino Miraí
Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá
Onde andará Mariazinha
Meu primeiro amor onde andará?
Eu igual a toda meninada
Quanta travessura que eu fazia
Jogo de botões sobre a calçada
Eu era feliz e não sabia
Aos domingos missa na matriz
Da cidadezinha onde eu nasci
Ai, meu Deus, eu era tão feliz
No meu pequenino Miraí
Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá
Onde andará Mariazinha
Meu primeiro amor onde andará?
Eu igual a toda meninada
Quanta travessura que eu fazia
Jogo de botões sobre a calçada
Eu era feliz e não sabia

domingo, 12 de outubro de 2008

A minha mãe

E marca. E desmarca. E faz sol. E faz chuva. Dia perfeito, mas eu viajei... Assim foram semanas!
E finalmente conseguimos marcar.
Foi sábado.
Estávamos todos lá. Na casa da minha mãe.
Um almoço em um sábado fica transformado em uma grande festa.
Minha mãe é assim. Sempre foi assim.
E fico olhando, em uma mistura de admiração com surpresa. É verdade. Ela ainda me surpreende. Com sua alegria, seus cuidados, sua empolgação. Só pelo encontro. Só pelo prazer de assitir àquele barulho dos netos jovens. Só pelas gracinhas da neta pequena. Só pela vaidade legítima de se sentir amada e admirada por todos nós.
Como se isso fosse pouco...
E a gente vai ficando ali. A vida fica boa assim.
Por alguns instantes fico quieta. Só olhando. De onde vem esse sorriso tão intenso?
Ela fala alto. Muito alto. Como se precisasse para olharmos mais pra ela. Não precisa, mãe. Mesmo em silêncio nós prestamos atenção em você.
Ela não senta. Ela não pára. Ela também fala com as mãos. Com o corpo todo.
E nós ao seu redor. Querendo mais.
Lembro da nossa infância. Lembro dela puxando aquele cordão de crianças atrás "dó é pena de alguém..."
Lembro do sorriso do meu pai, quieto, livro na mão, admirando aquele furacão.
Lembro das viagens, das brincadeiras que inventava no carro para o tempo passar mais rápido. E mais feliz.
Penso nos netos que estão lá todos os dias. E vão pelo desejo próprio. Pela saudade, pela companhia.
Penso no exagero pra contar os casos. No exagero das emoções. No exagero dos presentes. No exagero do amor.
Essa é a minha mãe. Essa é a avó dos meus filhos.
Ainda bem que ela é assim. Ainda bem que é ela a minha mãe.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Brasil que eu só imaginava...

Até que eu conheço muito lugares do meu país. Adoro viajar. Pelo mundo, por qualquer lugar. Mas adoro viajar pelo Brasil.
Adoro! Falar a minha língua escutando diferentes entonações. Olhar as paisagens. Entender como cada um vive e pensa o mundo ao redor. Perceber os diferentes rostos, expressões. Me surpreender com o jeito que cada lugar se organiza. Comer a comida que referencia sua gente.
Sempre disse que depois do Rio o meu lugar é a Bahia. Amo a Bahia! Tudo lá é lindo, é parecido comigo, com o meu gosto, com o meu sonho de prazer, de descanso, de alegria.
Mas tem lugares do Brasil que eu sempre só imaginei. E fantasiei.
Nunca pensei em passar por Marabá, Parauapebas, Canaã, Carajás, Eldorado dos Carajás...
Nunca pensei em passar pelo lugar do massacre dos sem terra. Nunca pensei em viajar 3h com um motorista de táxi por uma estrada perigosa, estreita, com 200 motos táxis circulando com até 3 pessoas e as mulheres sentadas de lado. Nunca pensei em escutar nessa mesma estrada moda de viola, com um motorista orgulhoso me mostrando seu gosto musical e me contando que a sua mesa está mais farta hoje...
Mas tudo isso existe, eu vi e vivi. É o Brasil que eu só conhecia pelas notícias de jornal. É o Brasil quente demais, empoeirado demais, às vezes profundamente triste, às vezes encantadoramente alegre. Cheio de uma gente mal vestida e pobre, misturada a outra coberta de jóias, batons, perfumes fortes e carros enormes.
É um Brasil, como sempre, pontuado pelas diferenças que me envergonham e pela coragem que me enche de orgulho. E me faz repensar minhas dores. Minhas pequenas dores.

E aquelas músicas não saem da minha cabeça. Nem aqueles rostos. Nem aquelas estradas. Nem aquele cheiro.
Nem a minha vontade de voltar pra casa.
Acho que ainda não conheço tanto assim o meu país...