sábado, 25 de outubro de 2008

Ser mãe... parte II

Minha filha nasceu e eu me sentia completa. Cheia de esperança, ao mesmo tempo que cada vez que olhava para ela, tão pequena, mamando em mim, tão dependente da minha saúde, da minha disponibilidade, do meu amor... me dava um enorme medo da dimensão da responsabilidade. Mas estava plena.
Ela nasceu nas mãos dos melhores médicos, em um dos melhores hospitais, com todos os recursos e apoio que a vida e o meus pais puderam nos proporcionar.
Quando ela estava com 20 dias, finalmente, levei-a a uma médica homeopata. Ela olhou o pèzinho que entortava e disse que precisava de uma radiografia da coluna. Naquele momento não escutei mais nada. Minha mãe, que me companhava, se encarregou de escutar todos os passos necessários. Meu lado criança e frágil falou mais alto e um medo enorme tomou conta de mim.
Medo, medo e medo me acompanhou pelos dias seguintes. De novo, o melhor neurocirurgião do país nos ajudou e nos encaminhou para o melhor ortopedista. Mas foi preciso esperar alguns dias para o diagnóstico.
Como era possível todos os meus sonhos de mãe, de um bebê perfeito e saudável, ficarem tão ameaçados de um segundo para o outro? O que minha filha tinha? Como seria sua vida?
Escutei de muitas pessoas que o ortopedista era o melhor sim, mas era um homem seco e duro. Não esperasse afagos e carinhos... Está bem, só quero que ele deixe minha filha perfeita!
Chegou o dia da consulta. Ele vinha com um séquito de médicos atrás dele. Máquinas de fotografia, explicações e o exame. Ali estava minha pequena, minha amada pequena, deitada numa cama enorme para seu tamanho e ele virava suas perninhas. E ela chorava muito.
E eu não suportava tanto choro, tanto sofrimento. Soluçava de fazer barulho. Não conseguia ser a mãe forte e segura. Estava absolutamente entregue à dor dela e a minha. Desesperada.
Até que o médico duro e seco me abraçou, fez carinho nos meus cabelos e me disse com jeito de pai e solidário a minha dor: "sua filha tem luxação congênita de quadril e colocará um aparelho suíço que lhe cobrirá todo o corpo. Ela não pode tomar banho, nem tirar o aparelho em momento algum. Virá aqui toda a semana, durante um ano, para examiná-la e apertar um pouco mais, de modo que suas perninhas fiquem cada vez mais abertas". E diante daquele homem forte aos meus olhos, chorei copiosamente. E ele continuou: "mas pense bem, é esse aparelho e esse tratamento que deixarão sua filha andar. Você deveria estar feliz".
E começava ali a lição mais dura que a vida adulta tinha escolhido tão cedo pra mim.
E a partir daquele dia entendi que tinha uma filha sensível e forte. Durante um ano, ela sorriu todas as vezes em que a limpei com algodão no lugar do banho gostoso. Ela encontrou um jeito de se aconchegar no meu colo, mesmo dentro de um aparelho que a deixava dura e desconfortável. Ela também, tão mais cedo que eu, entendeu que a vida é cheia de sustos e dificuldades.
E eu aprendi com ela que não se faz dramas diante das oportunidades que a vida nos dá. E que tudo é possível, até amolecer corações ditos como tão duros.

9 comentários:

Anônimo disse...

Lindo mamis!!! te amo mto!!! Realmente... não tinha nem 1 ano e tomei um baita susto mesmo não sabendo o q era susto, o q era a vida né? Mas aqui estou eu saudável! Graças a você, papi, vóvi e vôvi!
beijossssss

Letícia disse...

Lindo mais uma vez. E eu aqui aprendo com você!
"não se faz dramas diante das oportunidades que a vida nos dá"...
"tudo, tudo, tudo vai dar pé"...
Não é assim?

Beijos e obrigada por essas palavras.

Flavia disse...

Chorei...

obrigada por esse texto tao lindo.

Parabens pela tua filha e pela força das duas.

Flavia

(desculpa a intromissao... achei teu blog, likando um e linkando outro... nao resisti em comentar nesse relato tao bonito.)

Anônimo disse...

São duas pessoas muito especiais na minha vida: minha BIA e minha BIBA.
Nós somos como as bonecas russas - uma saiu de dentro da outra - e nada neste mundo nos separará!!!!!
O que nos une de forma absoluta é um AMOR que não tem medida e nunca terá porque ele é IMENSURÁVEL!!!!!!

Minha BIA e minha BIBA são duas GUERREIRAS VITORIOSAS, LINDAS, PERFEITAS, MARAVILHOSAS!!!!!

Todo seu texto, filhinha, passou como um filme completo em minha memória: imagens, sons, cores, emoções, lágrimas, fôrça, tenacidade, médicos, muitos médicos, salas de raios X, chorinho de bebê, choro de mulheres, emoção de homens, fisionomias tristes, palavras de esperança, muita esperança... até que um belo dia, em uma sala de um enorme apartamento uma bonequinha muito linda e pequena larga da parede e sai ANDANDO!!!!!!! Todos os sentimentos descritos explodem num grito uníssono de uma felicidade total de toda família presente: BIBA está andando!!!!! perfeitinha!!!! ainda com passos trôpegos, como todos os bebês, mas perfeitos!!!!! perninhas lindas e perfeitas!!!!! lágrimas, muitas lágrimas, mas todas de pura e imensa ALEGRIA E FELICIDADE!!!!!!
Hoje, ao ver minha BIBA entrando em minha casa com seus lindos cabelos pretos, seus olhos negros e brilhantes e suas pernas lindas e perfeitas, meu coração bate acelerado de alegria e de agradecimento a Deus por sua total recuperação graças à competência de seus médicos e à total e absoluta dedicação de sua MÃE, minha FILHA BIA!!!!!!
Só mais um filmezinho que passa por minha cabeça: passa por mim e seu pai, numa maca indo para a sala de cirurgia, minha BIA que com os olhinhos cansados de horas em trabalho de parto, vira-se para mim e diz: - Mãe, agora eu mereço uma menininha, não é?????? FIM
Wilma

Carol disse...

Ai, Bia... que lindo.

Aprender é tão bom, né.

Parabéns pra mãe, pro pai, pra filha, pros amigos.

=***

Anônimo disse...

Agora falta a parte 3 e 4... para falar do meu maninho!!! Quero ver!!! bjsss

Anônimo disse...

Lindo o seu texto, como todos que você escreve.
A vida é uma caixinha de surpresas, as vezes boas, as vezes não tão boas.
Eu aprendi que na hora da dor a força surge dentro da gente quando menos esperamos, e nesse momento a vida não nos permiti fazer drama, ela nos faz lutar para acabar com essa dor.
Aprender com a dor não tem um gosto bom, mas nos faz pessoas mais fortes, mais desencanadas, mais livres.
Viva os sorrisos depois das lagrimas!
Viva o amor que nos faz crescer!
Viva as mães que nos protegem e são felizes mesmo na hora da dor!
“ Só as mães são felizes”
Beijos.

Ana Paula disse...

Nossa, que maravilhoso esse texto! Tô tendo de disfarçar a cara de choro. É isso que dá ler o seu blog na hora do trabalho... :)

Muitos beijos.

Anônimo disse...

Lindooooo... no momento q estou vivendo esse texto veio pra me dá mtaa força e esperançaaa...Biaa tenho orgulho de ta a Dona Tatu Fanfarrona Oliviaa como a minha amigaaaa:) Ela é lindaa e vc tbm:) Bjoo da Bia Tatuu.. OLI TE AMO AMIGA!!!!