domingo, 29 de junho de 2008

Cantos. É assim que gosto da minha casa. Em cada canto um pedaço de mim. A cada dia um novo colocar, alguma coisa a contar. Alguma coisa a recolher. A me alimentar.
Tem árvore na beira da varanda. Tem um vento sempre a bater. E que me convida a sair, mesmo gostando tanto de ficar. Tem nossos rostos, nossos abraços, em preto e branco. Nossas viagens, nossos registros. Silenciosos. O barulho, as vozes, as risadas... paralisados ali.
Em cima das estantes, o Rio. Também em preto e branco. Tem as cores de Trancoso nas almofadas. Em cada objeto, um desenho do que eu quero. Ali. Naquele instante em que escolhi e que coloquei ali. Sou eu. Somos nós. Mas que muda. De vez em quando tudo muda.
Nos livros, minha herança. Medos. Sonhos. Projeções. De novo eu.
Penduro móbile. Ponho quadros. O que eu aprendi. Está tudo ali. Tudo aqui. No prato no chão. Nos computadores que não desligam nunca. Nos filhos que fiz. Bagunça. Turbilhão.
É meu acolhimento. São meus conflitos.
Gosto do silêncio das manhãs. Mas também gosto do barulho das conversas. Preciso entrar e saber que posso me calar, posso chorar, posso sorrir. Posso escutar. Posso acolher. Posso ser acolhida.

Me protejo dos medos lá de fora. Do cansaço.
São tantas negociações. São tantos sonhos recolhidos. Tantos desejos contemplados. Tantas frustrações. Crises e encontros. Tantos gestos expostos.
É aqui que eu deixo tudo. É daqui que eu tiro tudo.

2 comentários:

Letícia disse...

A casa, né?

Sua casa é linda, assim como você.

Lembrei-me da que havia projetado... Hoje, re-projeto.

Ana Paula disse...

Concordo com a Lelê, sua casa é lindona, como você.

Adoro isso... "que me convida a sair, mesmo gostando tanto de ficar".

Muitos beijos.