sábado, 9 de abril de 2011

Ciclo básico

No caminho para o trabalho, aflita, muito aflita, tento alguma resposta pelo telefone. Ela não vem, mais uma vez. A noite mal dormida deixa a cabeça atordoada. O choro engolido saiu ainda na cama, ao tentar levantar. Mas com o passar das horas ele não para. Não tem jeito. Sai sozinho. Está além de mim. Fora de mim. Peço desculpas. E continuo assim. Me olho no espelho e levo um susto. Não me reconheço mais. Meus olhos estão horríveis. Fico alguns minutos olhando a água nas minhas mãos, buscando alguma força para elas. Não estarão nas minhas mãos a possibilidade de mudar nada. Nada. Infelizmente. Como se eu pudesse cavar, cavar, cavar... Não posso. Não existe terra pra buscar alguma coisa. Não existe busca. Ando lentamente. Se eu pudesse correr e chegar mais rápido! Não. Já corri tanto, tentando buscar algum ar a mais. Não resolveu. Minhas pernas estão finas. Meu corpo magro. Não é com meu corpo mais forte que conseguirei transformar tudo isso. Já está provado também. Quanto mais peso eu puxo, menos força eu tenho pra transformar esse estado de coisas instalado a minha frente. Por que eu não consigo? Tento tanto empurrar isso tudo pra bem longe daqui! Faço tudo o que posso! Até minha voz anda baixa. Ninguém anda me escutando direito. Aí eu canto. Tenho cantado. Então, de novo o aperto no peito. Muito. Tento a gargalhada. Mas ela está cada vez mais rara. E quase em desespero eu tento dormir. Sem sonhar. Porque ele não existe mais. Há muito tempo que desistiu de mim. Tristeza profunda.

2 comentários:

Sá disse...

Bia, li tudinho mais de uma vez.
Bjs

Anônimo disse...

Bia, amiga, sei bem o que é tristeza. Esse aperto no peito, nó na garganta. Firme amiga! Fique firme. As pequenas formigas são gigantes quando o inverno chega.
Te amoOo! BjO*