terça-feira, 14 de setembro de 2010

[Des]memória

Todas as vezes em que tento fazer as coisas cotidianas prestando atenção, quando me dou conta, me frustro. Não adianta. Não consigo. Esta noite, pra variar, tive insônia. Rá! E fiquei pensando que a partir do momento em que saísse do meu prédio para o trabalho, gravaria tudo mentalmente. Não deixaria que as coisas se perdessem. Não seria, como sempre, essa pessoa desligada, que anda por aí com a cabeça no mundo da lua. De jeito nenhum! Estaria atenta a tudo e a todos. Ligadaça! Assim, sentiria minha vida outra vez sob meu controle, me divertiria com as pessoas no ônibus, não correria tanto risco de cair como sempre, ficaria adivinhando a profissão das pessoas pelo jeito que elas se vestem... Enfim, faria tudo o que já fiz, em tempos em que fui mais ligada, digamos assim. Como fiquei acordada um bom tempo na cama, deu pra fazer um bom roteiro. Cheguei a torcer que a manhã chegasse logo, para que pudesse aproveitar o longo caminho de Ipanema ao Centro. Acordei exausta. Dormi pouco pra caramba. Queria mesmo é poder ficar muito mais tempo ali, quieta, parada. Quando cheguei no trabalho, minha amiga me perguntou ‘veio de 15, Bia?’. Vim sim! E me dei conta que não lembrava nada, de absolutamente nada, do que aconteceu naqueles quarenta e cinco minutos desde que saí da minha casa. E estive de olhos abertos o tempo todo. Vai entender essa pessoa.

3 comentários:

Sá disse...

Bom, essa pessoa tem várias qualidades e alguns problemas aliás, como a maioria de nós.... Mas escreve bem pra caramba!
Adorei a perfeita descrição da viagem (!?)
Conta outras!
Bjs

Letícia disse...

Acho que essa pessoa estava em outra viagem, e olhava para dentro. A paisagem lá dentro é mais bonita que o Aterro do Flamengo!

claudia zurli bravo disse...

adorei porque acho que entendi perfeitamente... Beijos