terça-feira, 1 de setembro de 2009

Seus muros

Saiu mais cedo do trabalho. Encontrou a amiga e juntas pegaram o ônibus. Imundo, cheio e fedorento.
Mas conseguiram sentar juntas e foram falando o tempo todo. Da tristeza de uns, da perplexidade de conhecer um pouco mais de perto outros, da ansiedade de resolver a aflição e a tristeza de todos. São importantes.
Depois ela deu tchau para a amiga, saltou, atravessou a rua movimentada, caminhou mais um pouco e tocou a campainha.
A porta, magicamente, abriu.
O lugar, já conhecido, tem algumas plantas e poucas cadeiras. Um cheiro estranho de incenso. Ela não gosta desse cheiro. Ela não gosta de cheiros.
Esperou um pouco. Mais um pouco. A outra porta abriu. Sentou e começou a falar. A escutar.
Era uma conversa. Tensa. Uma conversa tensa.
Saiu de lá mais triste do que entrou.
Às vezes as conversas são assim.
Aí a cabeça fica lotada de dúvidas. A cabeça quase sempre fica assim.
Andou de novo pensando mais e mais.
Pegou de novo um outro ônibus. Imundo, cheio e fedorento.
Um bebê sorria. Se o ônibus parava o bebê chorava.
Ela sentia vontade de chorar junto com o bebê.
Chegou, saltou, andou mais um pouco.
Viu as duas amigas andando ao seu encontro.
A que deu tchau para ela no primeiro ônibus e a outra com quem trocou e-mails o dia todo.
Se abraçaram.
Andaram juntas.
Sentaram, comeram um cone, conversaram, falaram de dor e de amor.
Pagaram a conta e saíram andando outra vez.
Falaram um pouco mais.
Se despediram.
Ela saiu andando um pouco mais.
Cheia de dúvidas.
E a certeza daqueles dois pilares em sua vida.

5 comentários:

Letícia disse...

Assim, você me emociona...
Loviú!

Beijos.

Carol disse...

Enquanto isso, a moça que deu tchau, subiu uma ladeira e ficou feliz da vida por conta de um amigo ter desmarcado o compromisso. Feliz da vida porque aí então poderia encontrar de novo a amiga que merecia, mais do que ninguém naquele momento, de um abraço forte: o reino das pessoas lindas e especiais merece todo o carinho do mundo. E encontrou a outra amiga, sua gigante interior, olhão verde e sorrisão aberto, lendo apostilas no café de uma casa onde supostamente as pessoas "sabem". Chegou uma, abraçaram-se duas e foram em direção à terceira que receberia uma união de abraços e certeza de que vai dar pé. Porque são pilares, portas, janelas, banquinhos, pufes de descansar pé, lencinho pra enxugar, baldinho pra jorrar.

A moça da ladeira ficou feliz, também, por estar "pilar". A moça aqui agradece e oferece mais.

Loviú.

Lady Shady disse...

Que texto bonito, amiga!
E olha, tudo vai dar pé, como vc mesma diz.
Muitos bjs!

Sá disse...

A vida é bela, mas cheia de percalços.
Não dá prá encarar sozinho.
Nós todos sabemos que temos um "pilarzão", a Bia.
Que bom que ela tem um monte de "pilarzinhos" que se multiplicam e se somam lindamente.

Regina disse...

Queridona,

nunca se esqueça de uma das suas "máximas": TUDO VAI DAR PÉ!!!!!
Conta comigo sempre!

Beijos.