segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Quem sabe um dia?

Quando eu tinha uns 12 anos descobri a poesia.
Me apaixonei por Vinícius de Moraes.
E comecei a escrever sem parar.
Até que um dia escrevi uma poesia assim:
"O mar
que vem e fere as pedras,
que passa e deixa o vazio.
Eu queria a calmaria do mar,
eu queria a calmaria da vida."
E meu pai, que foi o maior leitor que conheci na vida, disse assim:
"É lindo, minha filha, parece Cecília Meireles!"
Eu era uma criança e minha poesia não poderia ser comparada à de Cecília Meireles.
Coisas de pai...
Mas eu achei o máximo e comecei a ler tudo dessa poeta maravilhosa.
E de lá pra cá o texto sempre me interessou acima de tudo.
Seja na música, no cinema, na crônica, na literatura, na novela... Eu gosto da palavra.
Quero saber como foi construído o texto daquela história. Como foi contado aquele caso. Como foi desenhado aquele diálogo.
A imagem me seduz, a sonoridade me emociona profundamente, mas o texto me fascina. Me faz chorar. Me faz gargalhar. Me causa inveja.
Sim, inúmeras vezes queria muito ter sido eu a autora daquela sequencia perfeita de palavras.
Fico pensando no momento em que aquela pessoa sentou e conseguiu elaborar aquela determinada frase ou escrever aquele livro que, durante dias, me fez viver aquela história e me tornar uma pessoa melhor.
Os bons livros sempre me tornam uma pessoa melhor.
Não quero escrever poesias, mas quero escrever.
E aí, fico pensando que passo muitos dias com milhões de textos prontos rondando a minha cabeça, mas não tenho a calma e talvez a competência de organizá-los com a beleza e com a vida que um bom texto tem de ter.
Mas quem sabe um dia ainda consiga?
E nesse dia, eu possa também ter calma e me sentar só para fazer o que mais gosto na vida.
Dedicar meu tempo mais precioso para tirar da minha cabeça e saber que alguém, além de mim, poderá saber, através de um texto, o que quero contar.
E talvez nesse dia, eu possa pedir a benção audaciosa, que aos 12 anos nem pensei em ter, do meu pai, do Vinicius, da Cecilia e de todos os escritores que amo tanto...

7 comentários:

Lady Shady disse...

Sua poesia de menina é realmente linda!
Papai tinha razão!
Adoro ler vc, adoro tudo o que vc escreve.

mil bjs!!!

Regina disse...

Queridona,

por favor continue escrevendo, não pare nunca.
Seus textos me fazem muito bem!

Beijos.

Wilma Prado disse...

Queridinha,
a minha benção você já tem e sempre teve. Seu saudoso e querido pai já a abençoou desde quando recebia suas belas cartas dos EU.
Com lágrimas nos olhos ele dizia:- "Essa menina é tão engraçada, e como escreve bem a danadinha"...
Continue a escrever em seu blog e pense o mais rápido possível num livro que certamente será belíssimo. Com todo meu carinho, Wilma

Sá disse...

Bia,
Voce já é ...
Voce já tem essa benção, de quem a lê.
Beijos de muita admiração, com zero de inveja!

Letícia disse...

Manda ver, Bia!
Dedique-se que dá caldo!
Beijos.

carol disse...

E continue desenhando as suas sequências de palavras, que são sempre lindas e cheias de Biazices deliciosas!

(eu tenho inveja da letra "paciência")

Beijo enorme

Anônimo disse...

Bia, como disse o Carlito Azevedo na Flip, ainda bem que existe poetas maravilhosos, nem que seja pra gente ler a poesia deles e depois dizer---Pô, isto ee lindo, eu parece que saiu da minha boa. Eu podia ter escrito isto!

Bjs,
Simone
(corpoetico.blogspot.com)