sábado, 29 de agosto de 2009

Ana

Minha querida,
são tantas coisas que eu tenho pra te dizer, mas o espaço é pequeno, o vocabulário não é tão extenso assim e a minha emoção é gigantesca.
Porque é a minha vida quase que inteira que passa agora na minha cabeça, quando penso em pontuar a sua importância nela.

Então, resolvi falar só um pouquinho, pra deixar registrado o meu amor por você e a sua importância em mim, mais uma vez, no dia em que você faz 50 anos.
Quando te conheci eu tinha acabado de fazer 18 anos e você ia fazer 19. Éramos duas meninas. Logo ficamos muito amigas.
O IFCS era o mundo novo que estávamos descobrindo juntas. Mas nossa vida foi muito além dali. Íamos ao cinema, às festas, ao Bar Lagoa, à praia, viajávamos... E morríamos de ciúmes uma da outra.
A Cris já morava sozinha, a Cau inventou que nosso jeito hipponga era "meio punk", a Gê fazia Ciência Sociais, mas se juntava a nós e a nossa vida era só alegria.

Fomos à muitas festas na casa dos meus pais, na casa dos seus pais, na casa dos pais do Sidinho. Foi lá que descobri o disco de frevos do Caetano: "Eu sou a filha da Chiquita Bacana, nunca entro em cana porque sou família demais..."
Eu adorava ir à casa dos seus pais e encontrar o João tão pequeno. E lembro que você amava almoçar na casa dos meus às quartas, porque era dia de feira e tinha sempre um peixe que você achava muito bom!
Sempre te achei um gênio. Você era meu modelo pra milhões de coisas. E continua sendo. De amizade, de generosidade, de responsabilidade, de correção... De tudo!

Logo depois você se casou e eu achei seu casamento o mais lindo do mundo. Você estava maravilhosa e foi tudo com a descontração que eu quis imitar.
Sidinho sempre ao nosso lado, nos fazendo mais feliz e se tornando, a cada dia, a minha verdadeira "instituição". Como eu amo seu marido também!

Sua casa passou a ser a minha grande referência. Estava sempre descrevendo-a pra alguém: "É linda! Tem um armario verde na sala com umas flores, que é o máximo! No quarto, tem uma luminária de corda comprida, que cai meio de lado em cima da cama, que tem uma colcha indiana..." Era a verdadeira casa chique-meio-punk! A casa que eu queria ter! Era pequena, mas quantas festas ótimas rolaram ali!!!
E nos plantões do Sidinho, eu adorava ir pra lá, pra gente estudar e eu dormir com você.
A gente foi a todas as passeatas, compramos tudo o que era de índio, acampamos com chuva, fomos a muitos shows, fizemos muitas campanhas, fomos a muitos debates na ABI, a muitas festas pagas para ajudar alguma "causa", pintamos os rostos para passeata das mulheres, cobrimos nossos carros de plásticos importantes... Não faltam histórias.
Eu também casei super nova e você ficou grávida. Jamais esquecerei a madrugada de 16 de março de 82. Às 2h da manhã sua mãe me liga: "Seu afilhado nasceu". Comecei a chorar e fui escrever uma carta pra ele. Meu primeiro afilhado! Lindo, lindo, lindo!!!
Depois veio a Olívia, nossa primeira menina. Depois o Caio e a Elisa, bem pertinho um do outro. Nossos quatro pequenos tão amados.
E teve uma viagem pra Terê, com Cau e Cris também, que você e eu fizemos as compras, totalmente sem noção, e compramos simplesmente 10kg de feijão, 5kg de arroz, 8kg de frango... Para um final de semana.
Quantas praias, festas, cinemas, teatros. "Posso dormir na casa dele?" A noite sempre terminava assim. Tempo bom...
E a gente sempre enlouquecidas com aqueles dois!
O Sá sempre fala de um show no Arpoador, na campanha do Lula de 89, todo mundo sentado escutando música e as duas loucas gritando: "Caiooooooooooooo! Pedrooooooooooooooo!"
Até que lá pelas nove horas da noite, os dois anjos entram de roupa dentro do mar... Uma delícia...
Eles foram crescendo, as meninas tocaram flauta juntas, com a Cau no comando, viajaram juntos pela Europa, nos dão milhões de preocupações e alegrias, e a gente sempre falando sobre eles, sobre nós.
Você me mostrando, invariavelmente, um jeito novo de olhar questões, muitas vezes, tão velhas pra mim. Sempre me ensinando. Sempre me fazendo entender um pouco mais as relações humanas, sobre a minha própria vida.
Tenho muito orgulho de ter você por tanto tempo na minha história. Poder te admirar. Poder compartilhar com você minhas dúvidas, meus medos, minhas vitórias, meu cansaço, minha força. Saber que você também compartilha comigo um pedaço importante de você. Continuarmos cotidianamente perto, juntando amigos antigos e novos, nossos filhos, nossas famílias, nossos maridos, faz de mim uma pessoa melhor.
Aos 18 tive você como modelo para um monte de coisas. Hoje você continua sendo para muito mais.
Mas não sinta nenhum peso nisso. Porque você é meu modelo simplesmente sendo o que você genuinamente É!
Porque você é rara, minha amiga, minha irmã.
E o que eu sinto por você é um amor profundo.
Parabéns pelos seus 50 anos de uma vida maravilhosa.


4 comentários:

Sá disse...

Aplausos pelo texto, Bia, maravilhoso!
Aplausos pela inspiração, Ana, maravilhosa!
Obrigado às duas, por tanta inspiração e exemplo tão profundo de amizade!

Anônimo disse...

Minha amiga, irmã, de todo sempre,
Obrigada por palavras tão lindas.
Obrigada por você estar na minha vida, tão perto de mim, durante tantos anos.
É um privilégio. É algo pelo que me sinto muito abençoada.
Realmente, quando você escreve tudo isso, quando eu leio seu texto sobre a festa, passa um filme na minha cabeça.
Foram muitos, muitos mesmo, os momentos compartilhados. Muitas dificuldades em que a gente contava com a ajuda uma da outra,muitas dúvidas divididas, muitas alegrias vividas lado a lado.
Também me lembro da Olivinha, linda, quando chegou, princesa,a primeira menina, pra fazer parte das nossas vidas; da noite de temporal em que o Caio nasceu, já anunciando uma vida agitada e intensa, nunca morna e convencional. E, depois disso, e de mim, já com Pedro e Elisa, nós dividindo a experiência de sermos mães tão jovens (assim como a gente dividia as questões do casamento, do trabalho junto com a maternidade e tudo o mais que recheava a nossa vida). E a felicidade de vermos nossos filhos amigos, também compartilhando a vida. A felicidade de tornarmos nossas famílias uma só, você madrinha do Pedro, os nossos maridos também amigos, tudo contribuindo para que a gente continuasse sempre vivendo a nossa vida de irmãs.
Você também sempre foi uma referência para mim, nas suas crenças, na sua sensibilidade sobre as questões humanas e sociais,na sua batalha, no seu crescimento profissional fruto de uma trajetória muito linda e pessoal,na sua capacidade infinita de fazer amigos e de ser amada pelo tudo que você é. Enfim, querida, é um presente enorme e precioso nesse aniversário ter você ainda do meu lado, nomeuperto, tão nomeuperto, depois desses mais de 30 anos.
É, porque a gente podia ter vivido mil coisas boas e ter se distanciado. Isso acontece com muitas relações de amizade na vida, não é? E isso não aconteceu nunca com a gente.
Nós sempre atualizamos a nossa amizade. Sempre estivemos juntas no aqui e agora ao longo desses muitos anos. E isso é que eu acho mais maravilhoso. E é isso que eu tenho certeza que marcará as nossas vidas até todo o sempre.
Nós vivendo muitas coisas boas, muitas viagens, com os nossos maridos queridos, com os nossos amigos,cantando e dançando juntas, muitas praias, muitas sessões de cinema e livros que comentaremos, muitos almoços em que a gente vai continuar dividindo as nossas dúvidas existenciais, as muitas dificuldades e tristezas também,que sempre existirão, mas que compartilhadas sempre ficam mais leves, e um dia, quem sabe, nós com os nossos netos, gritando o nome deles feito loucas; com a voz um pouquinho mais fraca, mas seremos nós duas ainda. Ana e Bia. Sempre Ana e Bia.
Mais uma vez, obrigada.
Um beijo com todo o meu amor,
Ana

Paulinha Tequilahouse ® disse...

Ana se vc é tão amada por "mi madrecita" deve realmente ser um "ser" incrivel, assim como eu hehehehehehe.

Madrecita, TE AMO INCRIVELMENTE, e sei que amaria a tia Ana ;P

Regina disse...

Queridona,

sem palavras ... que texto ...
que resposta da Ana ...
Agradeço a Deus ter vocês duas na minha vida hoje e, com certeza, sempre!

Beijos.