domingo, 26 de julho de 2009

Estou assim?

Passei a vida inteira fazendo um exercício permanente para minimizar meus sofrimentos.
De qualquer ordem.
Desde criança.
Sentia dor de madrugada e achava um absurdo acordar a minha mãe.
Afinal, ela não conseguiria passar a minha dor.
E tiraria dela horas preciosas de sono.
Embora até achasse muito melhor tê-la ao meu lado.
E eu tinha apenas uns 5 anos.
Nunca tive muita paciência para dramas.
Detesto o lugar da vítima.
Sempre preferi ser forte, achar que darei conta e que no fim tudo vai dar pé.
Isso não quer dizer que não sofra pra caramba.
Que não passei por coisas horríveis na minha vida.
Que por milhões de vezes não tenha me sentido frágil e desamparada.
O pior é que, além de tudo, convivo desde muito cedo com a dor física.
Crônica.
Me acostumei com ela.
Nunca deixei de fazer nada.
Nem de me divertir. Nem de trabalhar.
Nem de cumprir com todos os meus papéis na vida.
Mas a verdade é que com isso não se acostuma.
Ou não deveríamos nos acostumar.
Não é justo.
Só que algumas coisas se agravaram nos últimos tempos.
E tenho me tornado uma pessoa diferente.
Não sei se melhor ou pior.
Mas alguma coisa muito forte tem mudado dentro de mim.
Fico pensando se é cansaço da dor.
Fico pensando se é o fim do exercício.
E aí, começa um novo conflito...
"Tanta coisa pior nessa vida e você fazendo draminha com isso... Para de chorar e coloca um sorriso nesse rosto!"
E de novo fico pensando... Não quero fazer drama nenhum.
Detesto o lugar da vítima. Esse eu não quero mesmo!
Só quero poder ser eu de verdade.
E eu sou essa aí mesmo...

5 comentários:

Sá disse...

BIa,
Ontem antes do almoço, antes da familia chegar, antes desse texto, fiz uma declaração de amor e de admiração a vc.
Do quanto voce é importante para mim, com ou sem tristeza, com dor, com pouca dor e as vezes quase sem dor.
Quero ficar xuntinho com vc, na rua , na chuva ou na fazenda ou numa casinha de sapêêêêê...

Muitos beijos

Letícia disse...

O papel de vítima não combina mesmo contigo.

"Eu pertenço à raça da pedra dura..."

Lady Shady disse...

Vc é tudo de bom nesta vida, Bia!!!!!
Muito grata e sou a Letícia por ter me levado à praia naquele e em todos os outros domingos!
mil bjs!!!

Anônimo disse...

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Clarice L.

Kerol.

Caio Almeida disse...

a gnt só sabe como é uma dor quando ela doi na gente, não se torna experiente com a dor dos outros, não da pra crescer e se tornar uma pessoa melhor sem sofrer nossas propias dores e alegrias a vida é assim, não é justa e nem deveria ser! mas concordo com uma coisa.. com dor ou sem dor vc anda desempenhado todos seus papeis muito bem! por isso todos somos seus fãs! =D

beijos do seu filho!