domingo, 24 de agosto de 2008

Piano, violão e música

Quando eu era pequena, eu achava que em todas as casas tinha um piano. Assim como cama, mesa, cadeira, fogão... É claro que na minha tinha um piano que eu amava. Adorava ver minha mãe sentada ali, tocando, a cabeça sempre balançando pra trás... Ela ficava linda e a gente dançando no meio da sala. Achava a minha mãe especial por tocar piano.
Depois, minha irmã e eu tivemos aula de teoria e prática durante muito tempo. Dávamos audição e tudo. Tocamos a quatro mãos. Mas eu não tinha o menor talento. Sempre soube disso. Minha irmã parou de tocar no dia que a minha mãe chegou e a viu estudando e chorando. "Está chorando por que, minha filha?" "Porque eu ODEIO tocar piano!".
E a partir dali ela foi liberada. Pra falar a verdade, eu não lembro bem como parei. Acho que peguei carona no desabafo dela.
A verdade é que meu irmão começou depois, mas já foi logo compondo, tocando, criando, arrasando e virou maestro. Era dele esse lugar. E assim foi... ele toca lindamente, embora toque tão pouco hoje em dia. Infelizmente.
Mais tarde um pouco, entrou o violão na minha vida. As festas na casa da Germana, da Paula e da Patrícia, as noites no bar da fazenda com o Jorge tocando, sempre muita música. E eu cantando. Nunca consegui tocar nada. Em compensação guardava rapidamente todas as letras. E cantava, cantava...
Eu já era adolescente e na minha casa a festa era permanente. Meu irmão vivia ao piano e os amigos chegavam, o violão acompanhava e a gente ia assim até o dia amanhecer. Tenho muita saudade dessa alegria. Tenho muita saudade da minha casa.
Meus filhos também amam a música. E sempre me apresentam alguma coisa nova. Caio tem milhões de ritmos, grupos e músicos diferentes pra me mostrar. Olívia canta e seu quarto nunca está em silêncio. Ela canta sozinha, acompanhada, triste, feliz... ela está sempre cantando. Hoje, é ela quem traz a música pra mim.
Na minha casa não tem piano. Hoje eu já entendi que nem todas as casas têm pianos.
Mas a festa, essa é a gente que faz.

9 comentários:

Anônimo disse...

ai, Bia...q saudade me deu da nossa casa, das nossas farras, da mamãe no piano, do papai sentado na poltrona admirando quieto a nossa bagunça.De nós duas sentadinhas no mesmo banco do piano na audição, nos apoiando na mesma timidez. Sempre juntas. Do Ricardo nas nossas longas tardes e noites de música, dos amigos e namorados, da nossa casa sempre cheia de gente e de afeto. muitas saudades, minha irmã, muitas...
você é maravilhosa.
beijos
Lucia

Anônimo disse...

Bia...
Eu não estava na sala...Não vi o piano. Não tive a sorte de conhecer o seu pai... Mas acho que Deus foi justo comigo e me deu a chance de conhecer você, a sua irmã e as histórias tão legais dessa família.
beijo e...Cante bastante !!!

Ricardo

Anônimo disse...

estou fazendo um teste.
será que consegui ?

beijo

ricardo

Anônimo disse...

Na minha casa nunca teve um piano, mas tinha uma sanfona, o meu avô tocava sanfona para os netos nos almoços de Domingo. Engraçado, eu não me lembrava mais disso, o seu texto me remeteu a infância. Lembrei como ficavamos todos juntos ouvindo o meu avô, eu minha irmã e os meus primos, todos senatdinhos.
Lembro que um primo meu chegou a tocar, eu nunca tive talento para instrumentos, sempre preferi os esportes, mas adoro estar com a música por perto.
Engraçado, fiquei nostálgico.
Os seus textos são lindos.
Com certeza esses momentos que você viveu foram muito bons.
Beijos
Reynaldo

Anônimo disse...

Ei mãe... Primeiro, graças ao vovô e a vovó que te apresentaram, assim como aos meus tios, a música, a verdadeira música... E graças a você e ao meu pai, também um pouco ao tio Ricardo, quando eu ia vê-lo no Municipal, no aterro, na praia e em todos os lugares onde ele ia reger, a música penetrou, entrou dentro de mim, ela está no meu sangue, na minha alma, na minha carne, ela está totalmente em mim. Aquela música bonita, culta e as que não são consideradas cultas também! hahaha
Posso amar tudo que eu faço, posso amar a faculdade... mas não amo nada dessas coisas mais do que eu amo a música... e ela eternamente vai me seguir... afinal tenho as três claves em mim né? E são delas que as notas nas pautas têm seus nomes... Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si...
Sem as claves, as notas não teriam seu lugar, não teríamos as músicas!!!
Amo mto tu tatu!!!
beijão!!!
Olívia

Anônimo disse...

Oi filha, MATA A VÉIA, MATA!!!!!!!como você sabe mexer com nossas emoções, nossas lembranças, nossas saudades, nossas alegrias e nossas tristezas, VOCÊ ARRASA ESCREVENDO TEXTOS TÃO MARAVILHOSOS!!!!!!

Todas as cenas me vêm à lembrança quando leio você, parece coisa de cinema, parece que nossas vidas fazem parte de um grande e maravilhoso filme... nos vejo em nossas casas: Itaipava, Itacoatiara, Teresópolis...cantando, brincando de esconder, jogando mexe-mexe, vendo o dia amanhecer na serra, no mar, que maravilhosas lembranças, inesquecíveis!!
Hoje, nos meus 74 anos de vida agradeço a Deus a felicidade de ter uma família de filhos,nora e genro e OITO NETOS!!! que me aquecem o coração e me dão fôrças para viver intensamente os anos que tenho pela frente.
Obrigada por serem filhos tão fantásticos e netos tão maravilhosos. Saber conquistar amigos é uma grande e bela missão de vida. VOCÊ É UMA CAMPEÃ NA ARTE DO AMOR, DA GENEROSIDADE, DA LEALDADE, ETC., ETC.
TENHO UM ORGULHO ENORME DE SER SUA MÂE. Beijos, Wilma

Anônimo disse...

Querida

assino junto o texto do Ricardo:
não vivemos juntos esse tempo mas você consegue, com seus textos, nos tornar ainda mais próximos da sua vida!
Amei o texto da sua mãe.

Beijos, Regina.

Anônimo disse...

Querida,

Fiquei aqui atrapalhado com o trabalho e não li o nomeuperto por uns dias. Voltei hoje e fiquei tão feliz de ver a sua versão sobre o nosso piano. Ele está aqui comigo mas, como você demonstra, ele sempre será nosso. Ele virou essa memória viva, que eu vejo desdobrada nos meninos, na Olivia, em todos.

Ontem o Tomás esteve aqui com a Bia. A Lara foi mostrar a ele o que, para ela, é a grande novidade: o piano. Ele vai. Sempre. Não precisamos da saudade. Beijo feliz com você,

Ricardo

Bia Prado disse...

Mas a saudade maior é de você tocando esse piano eterno nas nossas vidas...
Beijos com amor.